Ao ler os diversos periódicos, é fácil de se constatar que empresas estão “morrendo”, principalmente as familiares, e poucas pessoas fazem algo para mudar esses acontecimentos. Muitas vezes, são os próprios gestores que se sentem incapazes e impotentes. É como se, a cada dia, pouco mais de oito empresas fossem seladas com fitas e um sem número de pessoas passasse a engrossar as filas de desempregados. Talvez isso justifique o porque de não apenas as empresas, mas também as pessoas estarem passando por dificuldades financeiras, sem ter real noção das causas. Uma empresa só sobrevive quando aceita passar por processos de mudança, atualizando-se a cada momento, com visão e gestão voltadas para o seu crescimento e lucratividade. Para “morrer”, basta andar mais devagar do que a concorrência ou do que aquilo que o cliente exige; basta não acompanhar a velocidade com que as coisas acontecem. Toda empresa é única, como todo ser humano. Cada empresa tem sua história, sua cultura, seus valores, sua missão e seus objetivos. A comparação com o ser humano é absolutamente justificável. Afinal, as empresas são compostas, essencialmente, de pessoas. E como são compostas de pessoas, sofrem do mesmo mal: a ineficiência e inadequação da comunicação entre elas. Pode-se dizer que o problema da comunicação interpessoal nas empresas será o maior desafio para os gestores, pois, diferentemente dos problemas tecnológicos, que são mais facilmente detectáveis e, portanto, podem ser rapidamente solucionados, as falhas na comunicação são ignoradas ou camufladas. Ledo engano! São exatamente nelas que se encontram as raízes dos grandes conflitos dentro das empresas, prejudicando decisões, ações e metas. Como conseqüência, aparecem, em todos os meios de comunicação, empresas fechando portas ou passando por situações econômicas muito difíceis, por brigas familiares, por conflitos entre sócios, entre outros. Esses conflitos geram prejuízos, muitas vezes irreparáveis. Se as empresas são formadas, essencialmente, por pessoas, e toda atividade humana está baseada em processos de comunicação, estando a conversa prejudicada, os resultados desta atividade humana também estarão e, conseqüentemente, a empresa terá que arcar com os prejuízos. As conseqüências da inadequação da comunicação são percebidas e atacadas pelos gestores, com grandes investimentos de dinheiro, energia e tempo em treinamentos. No entanto, os problemas acabam voltando, porque suas raízes não foram atacadas. A comunicação não foi restaurada, gerando novos conflitos. Como, em princípio, para se comunicar, verbalmente, basta abrir a boca, muitas pessoas acham que se comunicam satisfatoriamente, e pior, que entendem de comunicação! Os problemas de comunicação não se resolvem, apenas, com base em programas de comunicação, com a “história de que existe um transmissor e um receptor da mensagem”. É preciso trabalhar com paradigmas comportamentais para haver fluidez na comunicação, ou seja, é preciso ir além da própria comunicação e ajustar os focos das pessoas que compõem as empresas. Comunicação adequada não significa apenas “falar bem”, segundo as regras gramaticais. Comunicar-se é uma arte, por isso necessita de muito mais. É necessário que se utilize recursos que leve um de encontro ao outro, e não um simples despejar de palavras. É abster-se de julgamentos precipitados e de comparações. É propiciar um clima de conexão, confiança e bem-estar, através da empatia e do respeito. Além disso, deve existir coerência entre os 3(três) domínios do ser humano: pensar (conhecer), sentir(nomear as sensações) e fazer (agir). De nada adianta uma pessoa falar algo apreciativo de ou para outra, se o seu corpo, seu tom de voz, sua roupagem, seus gestos “dizem” algo depreciativo. O desenvolvimento da boa comunicação é o desafio para o ser humano e requer tempo e exercícios contínuos. O primeiro passo que se deve tomar é reconhecer e nomear o problema e ter a consciência clara desse desafio permanente. E com a consciência despertada, começar a perceber que, por trás de muitas dificuldades, existe apenas uma causa: a comunicação. A empresa que, contudo, equacionar e equalizar sua comunicação com competência, eficiência e velocidade, ampliará seu poder no mercado. A comunicação, porém, como a qualidade da prestação de serviços ou de um produto, é um assunto que não terminará nunca dentro da empresa. Está e estará sempre em processo. As empresas já têm muita consciência do processo de controle da qualidade, em contínuo aprimoramento. Urge elas tomarem consciência agora da comunicação, para encorajar e estimular os integrantes da empresa na construção de ambiente mais colaborativo, para aprimorar o relacionamento interpessoal, para partilhar ideias e encontrar soluções criativas. A partir do resgate da comunicação, objetiva-se transformar os conflitos destrutivos em conflitos construtivos dentro das empresas e organizações. Os custos emocionais, psicológicos, sociais e financeiros dos conflitos são incalculáveis. Muitas empresas têm sua falência decretada pelo simples fato de não conseguirem administrar seus conflitos, levando-as à ruína. Nem sempre os envolvidos detectam que um motivo relevante da ruína sobreveio de falta de comunicação ou má administração de conflitos, imputando os problemas a outras causas!!! No contexto atual de grandes e velozes mudanças, com cenários internos e externos cada vez mais inconstantes, o conflito se faz cada vez mais presente, necessitando de urgente intervenção. Daí a necessidade de se conhecer outra forma de transformação do conflito, a Mediação. Esta é um espaço para o diálogo pacífico. Esse diálogo é criado dentro da empresa e desta empresa para com seus fornecedores e clientes. Através da utilização das técnicas de Mediação, os conflitos são mapeados com o objetivo de melhorar a comunicação e o relacionamento interpessoal no ambiente de trabalho. Os conflitos são inerentes às relações sociais, fazem parte dos processos de interação social e crescimento pessoal, ao lado da cooperação, da competição e da adaptação. Entretanto, a maneira de vivenciar o conflito é fundamental para os resultados da empresa, gerando menos rotatividade dos colaboradores, mais produtividade e lucratividade. Além do mais, o conhecimento de técnicas de comunicação gera a oportunidade de se propor programas de implantação das mesmas, possibilitando a prevenção de conflitos escalados e que impossibilitam a conversa entre as pessoas envolvidas. A mediação é uma ferramenta de conversas transformadoras, para desarmar argumentos perigosos, criar conexões e melhorar a qualidade de vida entre os colegas de trabalho, bem como com todas as pessoas com as quais a empresa interage. Estamos diante de uma ferramenta poderosa para quem quer criar esse espaço de conversa, que favorece, aprimora, implementa e conscientiza os tratos, os contratos e os distratos, uma vez que, o mais importante é a comunicação entre as pessoas, levando-as a suprir suas necessidades e pedidos, numa situação de satisfação e bem estar das mesmas. Helena Gurfinkel Mandelbaum Mestre em Mediação pelo IUKB-Institut Universitaire Kurt Bosh- Maestría Latinoamericana Europea en Mediación; mediadora; terapeuta de casal, família e corporativa, consultora, docente e palestrante sobre métodos de abordagens de conflitos e crises. @helenagmandelbaum